por Sherif Awad
-A família do meu pai é de imigrantes italianos, daí meu sobrenome, Airoldi. A família da minha mãe já é de portugueses, e os chamados “judeus novos”. Sou filha de professores universitários, químicos. Sou a terceira filha de quatro irmãos. Nasci na cidade de Campinas, já que meus pais a essa altura já lecionava há tempos na UNICAMP.
-Tive uma infância ótima, com muitas brincadeiras e muito lúdica. Por viver no interior, sempre vivi em Barão Geraldo, um distrito da cidade de Campinas, foi uma infância bem tranquila. Uma das minhas brincadeiras prediletas era fazer “teatro! Eu criava as histórias, dirigia, atuava. Com, amigos de escola, irmãos, primos. Depois virei atleta, nadadora, me dediquei muitos anos ao esporte, até ter que me afastar por uma lesão no ombro direito. Foi quando retomei minha paixão pela atuação, e voltei de vez para o teatro. Ingressando no curso de Artes Cênicas da UNICAMP em 1995.
-Desde criança! Nasci atriz! Não tive influência de ninguém da família, pois não tenho nenhum parente artista. Durante a infância os modelos eram os atores de cinema e TV da época. Ficava maravilhada ao ver atores praticamente da minha idade em novelas, filmes. Foram muitas as influências, não consigo citar um. Na adolescência quando iniciei a minha carreira amadora, passei a admirar mais os atores de teatro. Alguns deles ; Luis Mello, Matheus Nachtergaele, Umberto Magnani, Giulia Gam, Denise Del Vecchio, Denise Weinberg e tantos outros que eu assistia nos teatros em Campinas e grandes companhias de São Paulo, quando conseguia vir com a escola.
-É um celibato a se tornar um artista. Entrega constante, e uma fé sem fim… fé no sentido de acreditar que é possível fazer arte neste país. Viver desta profissão que nos consome de paixão e desespero. Ao mesmo tempo que é extremamente difícil, é extremamente fascinante. Quando se está no palco, ah, não existe medo, problema, doença, só entrega. E posso dizer o mesmo para os processos no cinema e TV também, acho que cada linguagem exige algo diferente do ator, mas a entrega é sempre a mesma. É uma prisão, mas ao mesmo tempo é uma profissão libertadora! Trabalho apaixonadamente sábados, domingos, feriados, dias e noites! Porque amo meu trabalho! É o que me alimenta como ser humano. Pena que nosso mercado é muito competitivo, e passamos por momentos de pouco ou nenhum trabalho…Acontece com quase todos os atores… independente do tempo de carreira. Infelizmente, arte no Brasil é para os fortes!
-Acho que o importante é trabalhar com a sua verdade sempre. E isso pode trazer frutos como; outros trabalhos, parcerias e até o estrelato. Mas isso não é o objetivo, é uma consequência. Que pode acontecer ou não. Ficar esperando o “estrelato” ou a “fama” como objetivo de carreira é um equívoco, além de ser muito frustrante. Estamos em constante aprendizado, sempre recomeçando. Busco sim, prestígio entre os que admiro, e tenho parceria.Mais que isso, só o tempo dirá… Quero trabalhar sempre, é a profissão que escolhi. Faço o melhor que posso, seja como atriz, apresentadora, locutora, dubladora, busco sempre me dedicar ao máximo. Acredito que profissionalismo e disciplina são fundamentais na profissão.
-Sim, o desafio de gênero é enorme ! Faltam roteiros que falem mais de personagens femininos, peças, autoras e diretoras. Falta ainda a voz feminina se estabelecer no mercado. Contar a história sob o nosso ponto de vista. Ainda existe assédio, apesar de estar melhorando, ainda existe muita competição entre as mulheres, onde deveria haver mais cooperação. Enfim, temos muito o que caminhar ainda! Vejo muitos filmes, séries, com milhares de personagens masculinos e pouco personagens femininos… Já está na hora de tudo isso mudar!
-Acredito que não exista um mercado de fato. O teatro não se paga sem ajuda de leis e incentivos, editais… É precário o sistema de distribuição de filmes nacionais, por exemplo. A indústria de musicais está comprometida com as mudanças na captação de recursos. Arte no Brasil é guerrilha! A produção de elenco ainda é muito tendenciosa, com atores já conhecidos do grande público. (TV, Cinema, Séries). O que torna o mercado um círculo vicioso. Então os atores estão sempre tentando “furar” este círculo. Quem está dentro não quer sair e quem está fora quer entrar; como diz na música! Mas acredito que com a entrada das empresas de streaming isso vai mudar. Pelo menos é o que eu espero! Espero que um mercado de fato se estabeleça! Que tenha mais oportunidades, em todos os níveis!
-Eu trabalho com algumas agências que me chamam para testes. O mesmo acontece com trabalhos de locução e dublagem. Você encaminha material faz testes, provas, escalas. Claro que com o tempo, eu já estou a 20 anos em São Paulo, acaba conhecendo muita gente, e estabelecendo também parcerias.
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Atualmente estou na Cia Viradalata, onde faço 3 espetáculos, sendo o mais recente “HISTÓRIA DO BRASIL”.Os outros são “COQUETEL DE FADAS” E “OS 3 MOSQUETEIROS”.Não há um contrato fixo, apenas por trabalho, temporada, etc.. Então estou sempre em busca de outros projetos.Seja em Teatro mesmo, publicidade, dublagem, locução, o que pintar! Testes e mais testes! O futuro a Deus pertence! ( Como diz o dito popular) Não posso dizer o que estarei fazendo daqui a seis meses, um ano. Não tenho essa resposta, não sei! Não tenho um projeto a longo prazo, neste momento. Espero estar fazendo o que mais amo! Arte!