por Sherif Awad
-Eu não tenho uma história de superação familiar, minha infância e adolescência foi muito comum com pais muito amorosos que sempre apoiaram a escolha da minha carreira, tanto com palavras quanto financeiramente possibilitando que eu estudasse minha área. Não lembro de nunca ter me interessado por artes. Eu era uma criança feliz e fantasiosa que me coloca nas circunstâncias que assistia ou lia. Na minha cabeça eu tomava o lugar das personagens!
-Como eu me via pouco representada na tela, lembro de me.apegar bastante a artistas que esteticamente se aproximassem da minha figura. Whoopie Goldberg sempre foi presente na tv lá de casa. Na TV, minha primeira referência foi Isabel Fillardis. E ela permanece sendo até hoje, entre outras que admiro tanto.
-É uma profissão que exige dedicação e paciência. Acredito nos estudos de técnicas que apóiam o talento ou toda a porosidade que temos diante dos acontecimentos no mundo. Valorizo os ensinamentos de quem veio antes, leio escritos de atrizes e atores sobre seus processos. Também fico atenta às mudanças quotidianas, a velocidade da informação e como as pessoas estão consumindo.
-Eu sou movida a insatisfação! Não é o estrelado mundial meu objetivo, mas a continuação de um legado e a construção de possibilidades de trabalho pra mais artistas negras e negros. Ainda temos pouco espaço em cena e eu busco, com meu trabalho de produtora também, buscar uma proporcionalidade criando um imaginário positivo dos nossos corpos.
-Além de atriz, sou criadora de série e espetáculo. Tenho o privilégio de ser minha própria chefe e de liderar minhas equipes. O que não quer dizer que eu não seja subestimada quando apresento uma ideia. E até mesmo após executá-la. Antes de produzir sempre perguntam se eu acho que vou mesmo conseguir. Depois que produzo perguntam com espanto como eu consegui realizar.
-No Brasil, a televisão é um agente educador eficaz. Ela cria imaginários através de suas obras que foram uma configuração de sociedade. Os corpos: cor de pele, olhos, cabelos são associados ao comportamento, caráter. Então você entende quem é boa moça, bandido, etc a partir do que é apreendido na apresentação desses personagens que se assemelham com o cotidiano. E por isso, acabo percebendo uma grande resistência das emissoras e streamings a abraçar produções inovadoras e que possam configurar um novo padrão de consumo e comportamento na sociedade.
-Estou trabalhando na pré produção da segunda temporada de “Românticas, a série”, onde sou protagonista e criadora. A primeira temporada está disponível no YouTube desde novembro de 2019. Atualmente estou ensaiando uma peça, por Skype, já que a pandemia impossibilitou a continuação de encontros físicos. Também tenho promovido debates sobre audiovisual com produtoras no YouTube pelo canal “Vou te contar por Priscila Maria”. Esses encontros são de caráter pedagógico onde ensinamos, através de nossas experiências, quem tem vontade de levantar sua produção.