por Sherif Awad
–Venho de uma família simples. Minha mãe é costureira e meu pai foi metalúrgico, ambos apreciavam música. Meu pai tocava violão e meu irmão mais velho (somos em 4 irmãos), ouvia as mais famosas bandas dos anos 80 e 90. Dessa forma fui apurando meu gosto por música. Aos 16 anos comecei a cantar em um coral de um projeto social no bairro onde eu morava. Aos 18 anos, ingressei em um conservatório onde passei a estudar canto lírico e tocar em uma orquestra de violões. Depois cursei a Universidade, Bacharel em música com habilitação em canto. A arte mudou minha vida.
-Neste período eu gostava muito de Laura Pausini, Queen e atores como Leonardo DiCaprio, Mel Gibson, Fernanda Montenegro e as grandes novelas, que me fazia sonhar em um dia ser artista. Também gostava muito dos filmes de ação.
-Ser artista é um trabalho para toda a vida, pois sempre teremos algo a aprimorar. Cada performance exige um aprendizado específico que nada tem a ver com dom. É muito trabalho, dedicação e investimento para se tornar um artista de verdade. A arte toca os sentimentos mais profundos das pessoas. Para tanto, é preciso muito respeito e compromisso.
-Para mim alcançar o estrelato não é uma necessidade, até porque isso não depende só da minha vontade. Se acontecer ficarei muito feliz, pois minha arte alcançará mais pessoas. O importante é ter uma carreira de sucesso que me possibilite viver com dignidade e proporcionar dignidade às pessoas que estão ao meu redor. Estou feliz com o que conquistei até agora.
-Acredito que sou de uma geração que desfruta da conquista das lutas de minhas antecessoras. De um modo geral, as mulheres enfrentam inúmeras dificuldades, tais como conciliar a vida profissional com a pessoal. Eu sou casada com um artista, que entende minhas necessidades e me encoraja a ser melhor. Mas sei que isso não é uma regra.
-A arte no Brasil vive um momento muito delicado, pois estamos sendo cada vez mais desvalorizados, e sem políticas públicas de fomento à cultura fica cada vez mais difícil dos artistas e todos os profissionais (técnicos, maquiadores, produtores) que atuam neste mercado sobreviver. É uma classe que foi abandonada, mas acredito que vamos superar esse momento, pois a necessidade do ser humano em se expressar é muito maior. Os artistas sobreviveram a vários ataques durante a história. Passaremos por estes também.
-Eu divulgo meu trabalho nas redes sociais e vez ou outra faço algumas lives, tudo isso para me manter conectada aos fãs e pessoas que seguem meu trabalho.
-Quando algum trabalho novo me é oferecido, busco sempre algo que me toque, algum desafio que eu possa superar com aquele trabalho. As performances mais complexas, as que mais exigem de mim, são as mais apaixonantes. E claro, sempre avaliando a remuneração.
-A pandemia deixou tudo incerto. Então, estou aproveitando este momento para aprimorar minha técnica e aprofundar meus conhecimentos. Os teatros ainda não voltaram totalmente e os que estão abertos, não se sabe até quando ficarão assim. Há algumas propostas de concertos, mas tudo para o segundo semestre, se a pandemia permitir.